quinta-feira, junho 30, 2005





Edward Hopper

Paying for love

Há-de trazer azedume o gosto do próximo
corpo. Da raiz do sexo ao abismo
da alma uma igual decepção te faz saber
o que as palavras não dizem. Restos
de esperma pelo chão, o perfume
de alguém que já partiu, eis tudo
o que ficará desse fogo em que pouco acreditas.
Um cigarro e o álcool do momento servem-te
depois para celebrar a tristeza. Por
um pouco de absoluto ejaculado em lençóis
de pálida morte finges esquecer
a incontornável certeza do deserto
Tens de cada vez o mesmo preço a pagar, a
melancolia.
E são talvez poucos os que sabem tão atroz
essa dívida de uma fúria póstuma à evocação do
amor

Nem isso importa, pois - infiel à própria desistência –
é o amor que de novo irás mendigar
às portas agrestes e deslumbrantes da noite.



Manuel de Freitas
Todos contentes e eu também

quarta-feira, junho 29, 2005

Em Memória dos Ornatos Violeta



Chaga


Foi como entrar
foi como arder
para ti nem foi viver
foi mudar o mundo
sem pensar em mim
mas o tempo até passou
e és o que ele me ensinou
uma chaga pra lembrar que há um fim

Diz sem querer poupar meu corpo
eu já não sei quem te abraçou
diz q eu não senti teu corpo sobre o meu
quando eu cair
eu espero ao menos que olhes para trás
diz que não te afastas de algo que é também teu
não vai haver um novo amor
tão capaz e tão maior
para mim será melhor assim
vê como eu quero
e vou tentar
sem matar o nosso amor
não achar que o mundo é feito para nós

Foi como entrar
foi como arder
para ti nem foi viver
foi mudar o mundo
sem pensar em mim
mas o tempo até passou
e és o q ele me ensinou
uma chaga pra lembrar que há um fim


Composição: Manel Cruz, Peixe

"Alguém me protegeu. Deus existe. Alguém olhou por mim. Pode ter a certeza". A voz de Isaura Martins é calma, mas ainda sai embargada pela recordação da explosão que lhe destruiu a casa e matou dois vizinhos. Morava no segundo andar do prédio que desmoronou na Rua de Santa Catarina, anteontem, pelas 21 horas. Trinta minutos antes da tragédia tinha estado na casa dos idosos que viriam a falecer. E foi uma conversa na rua, quando ia chamar o filho mais novo para jantar, que a salvou. "Alguém me protegeu", insiste.
in JN .


Mais um salvamento de deus. Pena ter-se esquecido dos vizinhos. No more comments.

sexta-feira, junho 24, 2005

O Dr. Speaker Blower é um produtor de drum´n´bass do Porto. É um antigo membro de uma das mais antigas bandas do drum&bass português: os Sonic Tribe Indians (1998-2002). Agora, actuando sozinho, ele une a música, o vídeo e a performance num show único (Dr. Speaker Blower Sci-Fi Drum´n´Bass Live Act). Actualmente ele trabalha duro no seu estúdio preparando o seu CD/DVD chamado "Phase Distortion" (drum&bass rápido, técnico e furioso). A sua música é inspirada nos filmes de ficção científica dos anos 50, na última tecnologia digital e na odisseia espacial do século XXI. Batidas ultra poderosas misturadas com (sub)graves furiosos, linhas harmoniosas e os mais estranhos efeitos especiais imaginados são algumas das coisas com que o Dr. Speaker Blower o vai brindar. Viaje já pelo site e veja as novidades do drum´n´bass da Invicta!

Está disponivel o video ao vivo nos Maus Habitos que eu filmei, quem quiser conhecer a musica de Dr. Speaker Blower e ver os videos Carregar nos texto :)

Abraço a todos

sexta-feira, junho 17, 2005

Contemplo o lago mudo

DiogoPacheco


Contemplo o lago mudo
Que uma brisa sacode.
Não sei se fôdo tudo
Ou se tudo me fode.

A brisa é o lago a ir
A uma ideia de mar.
Não sei se me ate a rir
Ou desate a chorar.

Trémulos vincos medonhos
Cercando a àgua toda,
Porque fiz eu dos sonhos
A minha única nódoa?



Mário Cesariny
O Virgem Negra

quinta-feira, junho 16, 2005

O Poeta em Lisboa



Quatro horas da tarde.
O poeta sai de casa com uma aranha nos cabelos.
Tem febre. Arde.
E a falta de cigarros faz-lhe os olhos mais belos.

Segue por esta, por aquela rua
sem pressa de chegar seja onde for.
Pára. Continua.
E olha a multidão, suavemente, com horror.

Entra no café.
Abre um livro fantástico, impossível.
Mas não lê.
Trabalha - numa música secreta, inaudível.

Pede um cigarro. Fuma.
Labaredas loucas saem-lhe da garganta.
Da bruma
espreita-o uma mulher nua, branca, branca.

Fuma mais. Outra vez.
E atira um braço decepado para a mesa.
Não pensa no fim do mês.
A noite é a sua única certeza.

Sai de novo para o mundo.
Fechada à chave a humanidade janta.
Livre, vagabundo
dói-lhe um sorriso nos lábios. Canta.

Sonâmbulo, magntfico
segue de esquina em esquina com um fantasma ao lado.
Um luar terrífico
vela o seu passo transtornado.

Seis da madrugada.
A luz do dia tenta apunhalá-lo de surpresa.
Defende-se à dentada
da vida proletária, aristocrática, burguesa.

Febre alta, violenta
e dois olhos terríveis, extraordinários, belos,
Fiel, atenta
a aranha leva-o para a cama arrastado pelos cabelos.



António José Forte
Uma Faca nos Dentes
Prefácio de Herberto Helder
Parceria A.M. Pereira
Livraria Editora, Lda.

segunda-feira, junho 13, 2005

Sobre Deus II

Sou ateu, não acredito em deuses, e acho que a religião é uma das principais, ou mesmo a principal razão para o ser humano ainda não ter obtido um mínimo de estabilidade no mundo.
Sim, sou intolerante a nível religioso.
Sim, acho que a religião é um mal comum.
Sim, acho que a posição politica deve passar por um sentido laico.
Sim, fiquei triste ao saber que existem religiosos no Bloco de Esquerda.
Sim, acho que se deve acabar com os "deuses" do mundo.
Sim, acho que se deve de uma vez por todas matar deus.

Quando tiver mais tempo, explicarei melhor o meu pensamento.

O que é que está retratado?


Foto de Diogo Pacheco

domingo, junho 12, 2005

YOU ARE WELCOME TO ELSINORE

Amo-te, ontem, hoje, sempre.




Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsenor

E há palavras e nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso dever de falar



Mário Cesariny

Just Like Honey

Listen to the girl
As she takes on half the world
Moving up and so alive
In her honey dripping beehive
Beehive
It's good, so good, it's so good
So good

Walking back to you
Is the hardest thing that
I can do
That I can do for you
For you

I'll be your plastic toy
I'll be your plastic toy
For you

Eating up the scum
Is the hardest thing for
Me to do

Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey
Just like honey


The Jesus & Mary Chain

sábado, junho 04, 2005

Sobre deus I

“A idéia de que Deus é um gigante barbudo de pele branca sentado no céu é ridícula. Mas se, com esse conceito, você se referir a um conjunto de leis físicas que regem o Universo, então claramente existe um Deus. Só que Ele é emocionalmente frustrante: afinal, não faz muito sentido rezar para a lei da gravidade!”

Carl Sagan

Retirado deste site

sobre «um direito adquirido, legal e legítimo»

Alega Campos e Cunha que a sua pensão do Banco de Portugal «é um direito adquirido, legal e legítimo». Também as reformas aos 60 anos eram. Ou as promoções automáticas. Ou os sistemas especiais de saúde e de pensões de várias profissões. E o ministro não se coibiu de os abolir ou reduzir drasticamente".
José António Lima, "Expresso", 4-6-2005

sexta-feira, junho 03, 2005

Miguel Torga

Miguel Torga

"Em qualquer aventura,

O que importa é partir, não chegar."


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